Brumadinho Sem Água: O Drama de Quem Sobrevive ao Rompimento da Barragem

Desde o rompimento da barragem da Vale em 2019, que tirou 272 vidas, as consequências continuam a impactar as comunidades de Brumadinho. Hoje, em meio a uma das piores secas da história de Minas Gerais, moradores principalmente do distrito de Tejuco e da comunidade quilombola enfrentam uma grave crise de abastecimento de água.

As famílias relatam o dia a dia de luta pela água, onde escolhas difíceis são necessárias. Muitas vezes, os moradores precisam decidir entre lavar roupas ou realizar outras tarefas domésticas essenciais. Em alguns casos, chegam a ficar dias sem água, sendo obrigados a usar água mineral para tomar banho e cozinhar. Dependentes de caminhões-pipa, o abastecimento é irregular e insuficiente, agravando a crise.

Na comunidade quilombola, a situação é ainda mais crítica. A água, que antes era abundante e de boa qualidade, hoje é escassa. O fornecimento de água potável por parte da mineradora Vale, iniciado após um incidente que contaminou uma caixa d’água comunitária, é visto como falho e insuficiente. A dependência dos caminhões-pipa é constante, e as famílias ficam sem respostas claras sobre quando a situação será definitivamente resolvida.

A escassez também afeta diretamente a produção agrícola da região. Muitos moradores que cultivam alimentos em casa enfrentam dificuldades para irrigar suas plantações. A falta de água vai além das atividades diárias, afetando a saúde física e emocional das pessoas, que continuam a lutar por condições dignas de vida.

Apesar dos esforços da mineradora Vale para justificar que o abastecimento é realizado 24 horas por dia, a realidade vivida pela comunidade mostra outra situação. As promessas de resolução não se cumprem, e o sofrimento das famílias só aumenta. A comunidade exige respeito e soluções efetivas.

Recentemente, foi firmado um acordo entre a Copasa e o Ministério Público de Minas Gerais para a construção de uma adutora, mas o projeto ainda está em fase de planejamento e sem previsão para o início das obras. Enquanto isso, a comunidade reivindica soluções sustentáveis, como a recuperação das nascentes e a gestão comunitária da água, respeitando as tradições locais.

A comunidade segue mobilizada, exigindo que sua voz seja ouvida e que o direito à água, um recurso básico e vital, seja respeitado. A crise hídrica em Brumadinho não é apenas uma questão de escassez, mas também uma luta por justiça e dignidade.

Fonte: Jornal O Tempo